Sociedades de caçadores, coletores e agricultores
Nas sociedades que praticavam a agricultura, além da caça e da pesca, as tarefas cotidianas distribuíam-se de acordo com o sexo e a faixa etária. As mulheres encarregavam-se das atividades domésticas, da coleta, da agricultura e da produção de cestos e outros artefatos, enquanto os homens se dedicavam a caça, à pesca, à derrubada de árvores e preparação das terras para o cultivo e também à guerra.
Nessas sociedades, até o contato com o europeu, instrumentos e armas eram feitos de madeira, pedra, e osso. O fogo era utilizado para o preparo de alimentos, aquecimento, iluminação, proteção contra animais silvestres, bem como a fabricação de recipientes de barro, de maior ou menor grau de elaboração conforme o grupo indígena.
Os materiais utilizados pelos indígenas nas construções eram madeira, cipó e capim, achados em abundância, mas que se deterioram com facilidade.
Por isso, essas sociedades não deixaram monumento, como os templos encontrados na América de colonização espanhola. Os únicos restos arqueológicos que ainda podem ser encontrados são os objetos de cerâmica e os sambaquis - depósitos formados de restos de comida, principalmente as conchas, descobertos no litoral atlântico-, além, é claro, de pinturas rupestres.
Dependendo do número de seus membros, cada sociedade indígena podia reunir várias aldeias e controlar um extenso território. Os assuntos mais importantes eram discutidos pelos guerreiros mais experientes ou pelos homens adultos. Nesses conselhos, as opiniões dos xamãs eram sempre ouvidas com atenção. Para a comunidade, os xamãs conheciam os espíritos associados às manifestações da natureza e sabiam curar doenças, neutralizando os espíritos que as provocaram. Em sua maioria, os povos indígenas não reconheciam a existência de fronteiras nítidas entre o mundo dos homens e o mundo dos espíritos; cabia aos xamãs - a quem os tupis-guaranis chamavam de pajés - acompanhar e intermediar a passagem de um plano ao outro.
Algumas comunidades se dividiam em clãs integrados por indivíduos que se julgavam descendentes da mesma entidade mítica - uma águia, por exemplo. Nessas sociedades não existia um poder político centralizados que determinasse o que as pessoas deveriam fazer e que punisse quem não obedecesse às regras. Mesmo que a comunidade tivesse optado pela paz com um inimigo tradicional, por exemplo, um grupo de guerreiros poderia contrariar a decisão e partir para o combate.