sexta-feira, 29 de maio de 2020

Congresso de Viena




       Terminando a Era Napoleônica, as potências europeias procuraram não só reorganizar o mapa europeu após as guerras, mas também conter o  avanço das ideias liberais propagadas pelo antigo imperador francês. Para atingir o objetivo de fortalecer o Antigo Regime, os governantes europeus haviam organizado o Congresso de Viena ainda em 1814, após a Batalha de Leipzig, o qual só pôde ser concluído no ano seguinte, após o fim do governo dos Cem Dias.
       A mensagem política do Congresso de Viena era bastante conservadora, pois procurava combater as ideias liberais e nacionalistas divulgadas pela Revolução Francesa.
       Grande parte das decisões tomadas durante o evento foram imposições do Comitê dos Quatro, composto por Áustria, Prússia, Inglaterra e Rússia.

Congresso de Viena (1814-1815) - Toda Matéria
   

       Podem-se destacar como importantes decisões os seguintes princípios.

  • Restauração do absolutismo.
  • Legitimidade das antigas dinastias depostas pelas guerras napoleônicas, tal princípio foi proposto pelo representante francês Talleyrand.
  • Equilíbrio europeu que procurava restaurar uma paz duradoura entre as potências europeias.
  • Reformulação do mapa político europeu, que deveria restituir as mesmas fronteiras existentes em 1789.





       A medida de maior repercussão tomada durante o Congresso de Viena foi a Santa Aliança, também conhecida por Quíntupla Aliança ou Pentarquia, um acordo político-militar que estabelecia a formação de um exército multinacional para combater qualquer movimento liberal que colocasse emrisco alguma monarquia absolutista e lutar contra a emancipação das colônias. O austríaco Metternich criu o Princípio da Intervenção, dando à Santa Aliança o direito de intervir em nações nas quais houvesse manifestações liberais e nacionalistas.
       A Inglaterra discordou de tal medida, por defender a liberdade de comércio e a independência das colônias na América, e seu primeiro-ministro, Canning, saiu em defesa sa não intervenção. A saída inglesa enfraqueceu o equilíbrio proposto pelos reacionários que eram partidários de Metternech.
      A França não sofreu nenhum tipo de punição, pois o problema havia sido Napoleão, que estava preso. O governo francês passou a ser exercido por Luís XVIII, dando continuidade à restauração da Dinastia Bourbon.




quinta-feira, 28 de maio de 2020

República das espadas





       Logo após a Proclamação da República, o Marechal Deodoro da Fonseca assumiu a presidência do país, chefiando um governo provisório, pois havia necessidade de solucionar os problemas mais urgentes que atingiram o Brasil naquele momento. As medidas mais importantes foram escolha de uma nova bandeira nacional, banimento da família imperial, naturalização de grande número de imigrantes, separação entre Igreja e Estado, convocado de uma Assembleia Constituinte, instituição do casamento civil, transformação das províncias em estados, escolha de uma república federativa como regime político e a reforma do Código Penal.
       A Constituinte da época promulgou a Constituição de 1891, a primeira da república e a segunda do país.
      Foi nomeado ministro da fazenda o jurista baiano Rui Barbosa, intelectual e político com livre trânsito entre os militares positivistas. Ele achava que o único obstáculo para a industrialização brasileira era a falta de crédito, o que o levou a autorizar alguns bancos privados a emitirem papel-moeda, ampliando o crédito para quem desejasse implantar indústrias no país. Porém a emissão de papel-moeda sem o lastro de ouro provocou a desvalorização da moeda e, consequentemente, inflação. Com a verba liberada em função da industrialização, os aproveitadores criaram empresas-fantasmas, especulando com elas na bolsa. Esse movimento de intensa especulação bolsista (chamado de encilhamento) resultou em mais inflação e desorganização da economia brasileira (crise do encilhamento).
      Apesar de vários governadores concordarem com os atos de Marechal Deodoro, a reação da oposição, entretanto, o assustou. Políticos de vários estados ameaçaram pegar em armas. Explodiu, então, a Revolta da Marinha, comandada pelo almirante Custódio de Melo e inicio-se uma greve dos trabalhadores da Estrada de Ferro Central do Brasil. Até mesmo alguns setores do Exército não concordavam com a atitude inconstitucional do presidente.







     Pressionado e temendo uma guerra civil, Deodoro renunciou. Assumiu o governo, então, o vice-presidente Marechal Floriano Peixoto, que conseguiu o apoio dos jacobinos, militares que defendiam radicalmente a implantação da república.
      Para conciliar seu autoritarismo com o apoio popular, Floriano decretou a redução de impostos e aluguéis, lançou um projeto de construção de casas populares, combateu os intermediários do comércio reabriu o Congresso.
       No entanto, o governo de Floriano era inconstitucional, pois ele, como vice, assumiu quando seu antecessor não tinha cumprido, pelo menos, metade do mandato. Conforme a Constituição, deveria ter sido convocada uma nova eleição. Floriano não concordava com esse determinação, mesmo quando a oposição partia do próprio Exército, como foi o caso do Manifesto dos Treze Generais, no qual era exigida o cumprimento da Constituição. 
      Explodiu a Revolta da Armada, liderada pelo Almirante Saldanha da Gama. Os oficiais da Marinha tinham sido monarquistas e, depois da Proclamação da República, haviam sido excluídos do poder, motivo pelo qual se opunham ao governo de Floriano. Uma vez derrotados, os oficiais rebeldes se dirigiram para a Região Sul, onde decidiram juntar-se a políticos rebeldes em terra.
      O maior foco de oposição a Floriano surgiu no Sul com a Revolução Federalista. O apoio a Floriano era liderado pelo governador gaúcho Júlio de Castilhos e seus seguidores, os chamados pica-paus. Já os opositores, contrários a uma excessiva centralização de poderes, eram os federalistas ou maragatos, liderados por Silveira Martins. Apesar de os federalistas avançarem sobre Santa Catarina e parte do Paraná, chegando inclusive a Curitiba, as tropas florianistas resistiram por um longo tempo na Lapa (PR), permitindo a preparação de uma contraofensiva do governo de Floriano Peixoto.
       Por causa da violência de seu governo, Floriano ganhou a alcunha de Marechal de Ferro.




Causas da Reforma Religiosa






No século XII, quando o sistema feudal começou a dar os primeiros sinais de incapacidade de atender às necessidades básicas das pessoas, surgiram movimentos sociais de caráter religioso que passaram a contestar a ordem vigente; eram as chamadas heresias. Esses movimentos, que se estenderam do século XII ao XV, caracterizaram-se por uma profunda crítica à Igreja, aos seus abusos e ao fosso existente entre seu discurso e a prática religiosa.
      Esses movimentos heréticos eram integrados por populações campesinas, sobre as quais recaíam os maiores ônus da crise feudal. Dentre os inúmeros movimentos, podem-se destacar os dos valdenses e dos cátaros, que ocorreram na França, no século XIII.
      Valendo-se dos ensinamentos evangélicos, o primeiro movimento, organizado por rico comerciante de Lyon, Pierre Valdès, rejeitava o culto aos santos, a missa e a confissão.
       A segunda heresia, por ter se originado na cidade de Albi, rendeu a seus seuidores a denominação de albigenses. Assim como os valdenses, os albigenses ou cátaros apresentavam uma doutrina maniqueísta, ou seja, uma concepção de mundo baseada na noção de bem e mal, além de contestarem a opulência do clero em oposição à pobreza pregada.
      No século XIV, surgiram novos movimentos heréticos liderados por John Wyclif, na Inglaterra, e por Huss, na Boêmia. Os dois atacaram severamente as instituições eclesiásticas, a venda de indulgências e a opulência do clero, defendendo a ideia de que a Escritura era a única fonte de verdade.
      Esses dois movimentos assumiram um caráter nacionalista. O movimento liderado por Wyclif pregava o confisco dos bens da Igreja na Inglaterra, a formação de uma Igreja local, favorável à livre interpretação da Bíblia. Seus seguidores, após sua morte, ficaram conhecidos como "Lollards" e passaram, também, a criticar a nobreza. O movimento de Huss não foi diferente: servindo para unir o povo tcheco contra os germânicos  que dominavam a região da Boêmia , traduziu a Bíblia para o idioma tcheco. Esse movimento foi considerado nacionalista e antigermânico.
      A oposição  não vinha apenas de fora da Igreja. Elementos pertencentes ao próprio clero também fizeram críticas, sem romper com a Igreja. Como exemplo dessa oposição interna, tem-se a ação de São Francisco de Assis e de São Domingos de Gusmão.
      Outro fator que trouxe desgaste à Igreja foi o confronto com o imperador do Sacro Império Romano Germânico, conhecido como Questão das Investiduras. O Papa Gregório VII, durante o seu pontificado (1073-1085), objetivando promover uma reforma espiritual do clero, proibira aos bispos e padres receber seus cargos das mãos de um leigo, o que significava retirar a Igreja do controle do poder temporal exercido pelos reis e pelos senhores feudais.
       O Imperador Henrique IV do Sacro Império Romano Germânico, por não acatar as determinações papais, acabou sendo excomungado e atraiu para si a oposição da nobreza feudal, temerosa da centralização  do poder real. Diante dessa situação, não restou ao imperador outra saída a não ser pedir perdão ao papa, realizando uma peregrinação que ficou cohecida como Penitência de Canossa (1077).
       Esse conflito persistiu até a Corcondata de Worms (1122), quando o Imperador Henrique V e o Papa Calixto II definiram que a investidura temporal seria precedida pela homenagem à autoridade imperial ao passo que a investidura espiritual seria de competência da Igreja.





      No século XIII, dando prosseguimento à política de centralização do poder real na França, Filipe IV (1285-1314), da dinastia capetíngea, passou a cobrar impostos do clero francês, provocando uma redução nas rendas da Igreja, que reagiu ameaçando-o de excomunhão. Diante de tal situação, o rei, com apoio da sociedade, em 1303, interferiu na eleição do substituto do Papa Bonifácio VIII, fazendo com que fosse eleito um francês para o trono papal.
      O novo papa, Clemente V, cedendo às pressões do rei da França, transferiu a sede da Igreja católica para a cidade francesa de Avignon. Dessa forma, a Igreja passou a ser controlada pelo rei da França. Um controle que durou setenta anos (1307-1377) e que ficou conhecido como Cativeiro da Babilônia.
      A Igreja católica impedia a acumulação de capital, condenando as operações de empréstimos com juros e o lucro; desejava-se, pois, uma religião que permitisse a acumulação de capital e o lucro sem censura.
      Os monarcas faziam oposição à forte autoridade do papa, o que prejudicava a centralização política tão desejada dos membros pela monarquia. Além disso, os nobres estavam interessados em tomar posse das terras pertencentes à Igreja.
      A falta de conhecimento e formação de grande parcela dos membros do clero, levou, com frequência, à imoralidade e ao comércio de objetos sagrados e de cargos eclesiásticos, conhecido como Simonia.




quarta-feira, 27 de maio de 2020

Reforma Luterana




Apesar dos problemas, a igreja católica no Ocidente manteve sua unidade até o século XVI, quando a venda de indulgências no Sacro Império Romano Germânico, condenada por Martinho Lutero, funcionou coo o estopim de um movimento político-religioso que quebrou aquela unidade, levando à criação das Igrejas protestantes. Em 31 de outubro de 1517, esse religioso e professor fixava, na porta da igreja de Witterberg, 95 teses contra as indulgências.

Movimento protestante iniciou dia 31 de outubro de 1517 - IEQ Lindeia
     
          Três anos se passaram entre a apresentação das suas 95 teses e o rompimento com Roma, que se deu com a publicação daquilo que os protestantes chamam os três "grandes escritos da reformação": Manifesto à Nobreza Alemã (agosto de 1520), Da Liberdade Cristã (setembro de 1520) e o Cativeiro da Babilônia (outubro de 1520). Nessas obras, delineava-se o que viria a construir alguns anos mais tarde a Igreja Luterana.
          Os escritos de Lutero tiveram grande aceitação por parte da pequena nobreza alemã. Temerosa da centralização do poder real e com a crise do sistema feudal, que provocava vários levantes populares, sem contar os movimentos comunais, essa nobreza encontrava nas ideias de Lutero as armas para garantir sua independência perante o imperador e o papa, além de assegurar uma sobrevida ao sistema feudal.
          No ano seguinte, Lutero foi convocado para uma Assembleia em Worms, quando deveria retratar-se. Diante de sua recusa, ele foi considerado indigno e banido do Império.
          A expansão  das ideias luteranas levou o Imperador Carlos V a convocar uma nova assembleia, dessa vez em Spira, em que se aceitava a doutrina luterana nas reuniões convertidas, mas não se admitia sua propagação pelo restante do Império. Portanto, esta dieta ao mesmo tempo em que era tolerante em relação ao luteranismo já instalado, não aceitava novas conversões nos Estados Germânicos. Essa decisão levou a uma manifestação por parte de determinados setores da sociedade que desejavam converter-se ao novo credo. Diante desse protesto por parte de alguns príncipes, surgiu o termo protestante. Em 1530, uma nova assembleia foi convocada em Augsburgo, quando foi apresentada a Confissão de Augsburgo, elaborada por Lutero e Melanchthon, em que se ditavam as bases da nova Igreja. 
          Entre os princípios da nova Igreja, podem-se destacar:

  • a Escritura como único dogma de fé;
  • a fé como única fonte de salvação;
  • a negação da transubstanciação;
  • a eliminação do clero regular, do celibato sacerdotal e do culto aos santos;
  • a substituição do latim nos cultos religiosos, que passaram a ser realizados no idioma nacional;
  • a submissão da Igreja ao Estado;
  • a manutenção de apenas dois sacramentos: batismo e eucaristia;
  • a livre interpretação das Escrituras.
 
        Em 1555 foi estabelecida a Paz de Augsburgo, pela qual os príncipes conseguiram a posse das terras secularizadas e a liberdade religiosa, no entanto, ficaram proibidas novas secularizações e os súditos deveriam adotar a religião dos príncipes: "cujus regio, ejus religio" - " tal príncipe, tal religião".